8 de maio de 2017

O medo mora comigo


Acho que o medo é uma memória de um sofrimento que vem de fininho.

Quase nunca me lembro de ter tido uma relação de três anos em que fui manipulada e mal tratada verbalmente. Mas lembro-me sempre com muito pormenor de tudo quando raspo numa situação que é ou pode vir a ser semelhante...

Quando esta memória vem ao de cima, experiencio um medo dilacerante de viver tudo outra vez. Perdão. Tenho medo de viver tudo outra vez e novamente sem me aperceber disso.

Por um lado obrigo-me a procurar "sinais de perigo" ter a certeza que não estou a ceder demasiado, que não estou a sobrepor a vontade dele à minha, etc.. Mas quando se gosta, este julgamento fica tão mais difícil e deturpado... Por outro lado não quero estar atenta a nada, quero viver esta relação, quero aceita-lo, entende-lo, não ser demasiado exigente...

Já consegui muita coisa nesta relação. Desde discussões de ciúmes cada vez menos frequentes até piadas ou comentários de muita insegurança. Não quero perder a força nem o instinto que me protege de passar pelo mesmo. Mas quero acreditar que sem terminar a relação, podemos fazer com resulte.

Afinal, para que hei-de eu fugir de uma relação deste tipo se atraio exactamente o mesmo na próxima? Não, vou ficar e resolver, fazer diferente. Mudar a relação mudando-me a mim. Não adaptando-me a ele mas mudando a maneira como olho para mim e dando importância às coisas que quero e penso. 

Cisne

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