19 de setembro de 2021

Olá

Olá.

Esqueci-me que gostava de escrever. Esqueci-me que isso me aliviava um bocadinho as dores. As físicas, as emocionais, as que não posso dizer a ninguém...

Estou naquela fase em que me tornei tão lamuriosa e repetitiva nos meus lamúrios que já vejo nos olhos da pessoa que me ouve o desejo de abandonar a sala. O que apenas piora a minha condição. Foi então que num milagre me recordei que o papel não se pode queixar.

Agora que escrevo, apercebo-me que não daqui a muito tempo, vou ler precisamente as palavras que se seguem e pensar as mesmas duas coisas que penso sempre:

1 - Que dramaaaaa

2 - Mas afinal do que estava eu a falar?! Porque é que eu nunca sou específica?

Em relação ao drama não há muito a fazer: é um facto. Quando sentimos dor - por mais estapafúrdia que seja a razão, dói sempre muito, o que se traduz em comunicação dramática (pelo menos no meu caso) - sorry Laura do futuro.

Relativamente a ser concreta...Acho que nunca sou porque isso dói mais um bocadinho. E porque é uma dor diferente. Enquanto é algo abstracto, nem o papel me pode acusar de estar a ser demasiado dramática - afinal ele não sabe realmente o que aconteceu, apenas o que eu sinto. Quando se tornar concreto, fico exposta à crítica e julgamento no geral. Sim, até do papel...que é como quem diz ao meu próprio...

Não falha: Sempre que venho aqui ler textos antigos tenho o mesmo pensamento: que exageradaaaaa... E raramente leio até ao fim ou sem ser na diagonal (porque leio de todo? Depois também dá aquela curiosidade de saber o que aconteceu e nunca se sabe se eu não revelo qualquer pormenor que me faça despertar a memória, mas que ao mesmo tempo fique - para o papel - ainda incógnita a razão ou o julgamento).


O que é que aconteceu?

(segundos do cursor a piscar à espera das minhas palavras...)

Parece que quando fica específico custa mais a expressar...

Acho que acabo sempre por desistir.

Mantenho a desistência.

Agradeço ao papel.

(mais dramatismo...)

Às vezes é suficiente, escrever no abstracto ou escrever sobre escrever cumpre o seu papel, deixando-me mais tranquila...

(hoje não foi o caso...)

Por esta altura o meu futuro eu está em reviragem de olhos total.

(mais segundos de cursor a piscar: tento mais uma vez:)

Sinto-me só.


Cisne.

1 comentário:

Nea ☽ disse...

girl, biggest same!!

Envelhecer

 Tenho 29 anos. Para alguns sou nova, para outros sou muito nova, para outros "já ninguém tem 20's"... Estava aqui a tentar le...