14 de junho de 2011

Para os bailarinos:

Espero lembrar-me sempre disto.


"A maior inimiga de uma bailarina: a soberba

Também conhecida como orgulho, ela derruba mais que fouetté fora do eixo. Nasce sem querer, no meio de uma aula em que sua perna subiu mais que a perna da colega de turma. Ou de uma pirueta limpa e bem-feita, enquanto a bailarina ao lado se desequilibrou e quase caiu no chão.
Consegui ver daqui uns sorrisos no canto da boca, surgidos involuntariamente, enquanto vocês imaginaram o que acabei de descrever.
A soberba só existe porque nos comparamos com os outros. Uma pessoa isolada numa ilha sequer saberia o que é. Não haveria com quem se comparar. Não haveria medida.
A meu ver, a nossa derrocada no ballet clássico começa quando olhamos para o lado. Quando queremos ser melhores que todos os outros que estão presentes. Quando nosso grande oponente usa coque, presilha no cabelo, meia-calça e, olha só!, quer o solo com o qual sempre sonhamos.
Não sou de contar detalhes da minha vida pessoal, mas, neste caso, cabe ao post. Eu não sou uma pessoa competitiva. Nunca fui. Tampouco disputei algo com outra pessoa, seja emprego, homem, papel principal em peça de teatro, atenção. Nada. Todas as minhas conquistas vieram porque tinham de vir. E as perdas, algumas vieram porque joguei a toalha e me recusei a entrar no ringue.
Os louros não enchem os meus olhos. Elogios públicos não me encantam (tampouco os elogios privados). Títulos e cargos não me fazem suspirar. Eu gosto de percorrer um caminho. A chegada não me interessa, não quero erguer a taça e receber a medalha. Gosto de olhar para trás e ver as sementes que plantei dando frutos e flores. Parece demagogia, mas não é.
Por que penso assim? Sempre haverá alguém um degrau acima de nós. Sempre haverá alguém um degrau abaixo de nós. O nosso lugar dependerá da bailarina com quem compartilharemos o palco: a Svetlana Zakharova ou a colega de turma nota 6. Não é uma vida angustiante, não saber em qual momento estaremos no topo ou lá embaixo? Não é saudável viver como se estivéssemos constantemente numa trincheira, prontos para atacar.
Quem vive numa eterna disputa pode chegar ao apogeu. Geralmente, chega. Mas seus louros sempre derivam da humilhação de alguém. Pensem nisso.
Sinceramente? Eu vejo beleza na singularidade.
A sua perna não alcança a sua orelha? A da Natalia Makarova também não. Você não é en dehors? Margot Fonteyn também não era. Você não é alta e esguia? Anna Pavlova também não era. Você não é bela e, além disso, é vista como uma bailarina mediana? Agrippina Vaganova te entenderia.
Todas fazem parte da história do ballet clássico. Mas em vez de chorarem pelos cantos, foram atrás daquilo que as fazia singulares, únicas, artistas incríveis. Trabalharam para isso. E quem está focado  no próprio caminho não tem tempo de olhar para os lados.
Sinceramente? Estou cansada de pessoas que passam a vida contabilizando os próprios feitos, como se estivessem eternamente em uma acirrada competição. Suba no palco e dance. Dance! É ali que reside a alma de um artista de verdade. E isso nem todo mundo está preparado para ser. "

Do blog: http://dospassosdabailarina.wordpress.com/
 
Metam este texto na algibeira, sim meus queridos? :
 
 
Cisne.

4 comentários:

Hugo Rosa disse...

Há muita competitividade, principalmente no ballet.. Muitos "bailarinos" esquecem-se do porquê de dançar. A dança é muito mais do que uma competição, muito mais do que rivalidade.

Danço para expressar o que sinto
Danço para me sentir repleto
Danço porque amo dançar
Danço porque um dia sem dança
É um dia incompleto.

by me :)

Cisne disse...

Muito bom :)


Cisne.

LA disse...

"Suba no palco e dance. Dance!"

SIIM :D

Cisne disse...

:D


Cisne.

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