Estou com medo. Mas suponho que seja normal.
Tenho desejado os fins-de-semana como nunca me lembro de ter desejado. Tenho esperado as Segundas-feiras com o maior desassossego da minha vida. Isto porque ir para a faculdade não é só ir para a faculdade. Implica sair da nossa zona de conforto, implica adaptarmo-nos a novos ambientes, a novas pessoas, a diferentes situações... Tudo isto não é fácil mas é mais fácil para alguns do que para outros. Para mim não está a ser nada fácil; para uma colega minha que vem do Porto e vai a casa de mês a mês é mais como "Eu tenho saudades de casa mas nunca fui muito de ter saudades... E é bom ter o meu quarto e silêncio para estudar e passe e independência para ir onde me apetecer!". E eu pensava que era deste género de pessoas. Por inúmeras razões: porque viver com o meu pai e a minha madrasta (principalmente) é um grande desafio, porque não gostava da minha escola, porque não gostava dos meus colegas, porque esta seria a oportunidade única de experenciar Lisboa como sempre quis, porque estaria a ganhar mais independências, entre outros...
Acontece que a minha vida mudou bastante e eu não reagi como uma das pessoas que tem poucas saudades. Apesar de adorar Lisboa e adorar o meu curso, eu já estou a morrer de saudades da minha casa, do meu quarto, da minha mãe, da minha terra, do café da esquina e até do raio do piriquito que me acorda às 7h da manhã. E isso não é fácil. Não é fácil ir-me deitar porque sei que o sono passa sem eu dar conta e em menos de nada já é segunda-feira. Não é fácil enfrentar mais um dia em que o meu pensamento será "O que é que eu estou aqui a fazer?". Não é fácil e sinto-me perdida muitas vezes.
Eu sei que passa. Eu sei muito bem que daqui a um tempo já estou perfeitamente adaptada e vou adorar tudo isto, nada de dramas. Mas agora têm (ou teem?? Porque é que eu ainda não percebo nada do acordo orográfico?? -.-') que ter paciência: eu não estou bem, eu não me sinto bem.

São muitas as pessoas que me perguntam: "Então, como é que está a correr o curso? Estás a gostar?". Perguntas perfeitamente normais e especialmente quando isto é o que eu sempre quis e as pessoas que mo perguntam sabem-no... Mas, por agora, terão de se contentar com um sorriso amarelo arraçado de feliz e desconfortável e um "Está tudo a correr bem, estou a adorar". E parte-se-me o coração com estas palavras porque só me apetece gritar bem alto em desabafo: «Não está tudo bem!! Eu estou cheia de medo de mudar para uma turma mais avançada! A minha prof de clássico insiste em deixar-me no grupo dos mais fracos, a minha prof. de contemporâneo só fala em coisas que eu não percebo e olha para mim e sabe que eu não percebo, os meus profs de estudo do Movimento vêm que eu estou a fazer o que posso mas que não estou a chegar lá. Vejo os meus trabalhos de grupo a serem sempre os piores e nada me tira da cabeça que é por eu estar inserida neles. Vejo-me sem tempo para estudar. Vejo-me longe de tudo e até de mim mesma que de repente troquei as sabrinas por ténis e
jeans por calças de fato de treino. E nada disto faz mal, eu vou conseguir ultrapassar tudo isto. Mas agora, deixem-me chorar tudo o que retenho quando penso "O que é que eu estou aqui a fazer?"».
Às vezes... Eu só preciso de chorar um bocadinho e deixar que o patinho feio se apodere de mim, é assim tão mau mostrar esta fraqueza? Se eu me sentir melhor, porque não?
E estes são os devaneios e os desabafos que escrevo e que choro, que nunca falo. Mas que me aliviam e que me mostram (porque às vezes também me escondo de mim mesma) a minha imagem, como me sinto, o que quero ou o que penso. E mesmo que agora não esteja a estudar ou não esteja a dormir, acho que já ganhei mais do que fazendo qualquer uma dessas coisas.
Amanhã é Segunda.
Cisne.