28 de dezembro de 2015

O que não tenho dito nem escrito. Cá vai...

Não tenho vindo escrever aqui. Venho muitas vezes, pouso as mãos no teclado e não consigo escrever nada. Pelo menos nada que importe. Deixei passar os meus anos, os anos da minha irmã, da minha tia, o Natal... A passagem de ano vai pelo mesmo caminho. Têm acontecido muitas coisas mas simplesmente não consigo escrever. Começo logo a chorar, principalmente quando tento falar do que sinto.

Não gosto de ser quem eu sou agora. Já há algum tempo que a minha definição de estar feliz é a fazer o que quer que seja para ser feliz. É como se a tentativa de o ser é por si só sê-lo. Eu gosto dessa definição e faz sentido viver a minha vida assim. Só que eu não tenho vivido e muito menos assim. Tenho ficado debaixo dos lençóis muitas horas. Na maior parte das horas a dormir, e na restante a lutar para sair.

Tenho os tornozelos inchados: o meu livro diz que estou a bloquear os meus pensamentos e que não aceito que mereço ser feliz e aproveitar tudo o que a vida me dá. Só de escrever isto fico lavada em lágrimas - não podia estar mais certo.

Não consigo ficar feliz e quando penso em dizer estas frases "Mereço ser feliz.", "Aceito merecer tudo o que a vida tem para me oferecer", percebo porquê. Percebo que não me sinto merecedora, percebo que estou num ciclo vicioso. A vida lá muito devagarinho me vai empurrando para novos desafios e eu, medrosa, lá os aceito como quem não tem outra escolha; como quem sabe o quão mais confortável seria ficar debaixo dos lençóis.

Já não sei o que me sustem. Felizmente ainda tenho qualquer sentido de responsabilidade e levanto-me para ir dar as poucas aulas que tenho agora nas férias. Mas cada vez demoro mais e estou claramente a piorar.

Não quero ir à psicóloga porque acho que já conversámos o que tínhamos de conversar, não criei empatia suficiente com ela para entrar lá e chorar tudo o que tenho para chorar e dizer tudo o que tenho para dizer. Não quero fazer conseling ou qualquer outros tipo de terapia pois sei muito bem que não estou pronta para olhar para mim e mudar. Não estou pronta para ouvir que há ferramentas que me podem ajudar. Não quero pedir ajudar pois sei muito bem que não estou pronta para a receber. Os amigos e a família tentam. Tentam de tudo: dizem aquilo que eu quero ouvir ou aquilo que eu não quero, deixam-me andar ou obrigam-me a fazer, motivam-me,dão-me espaço. E coitados...esperam. Que remédio. Esperam que eu saia disto e vão sofrendo um bocadinho pelo caminho de preocupação. Porque o que eles queriam mesmo era ver-me bem. Também eu...Só que não.

Não sei se dá para explicar. É como se eu quisesse sair desta fase estúpida mas não tivesse coragem suficiente para o fazer. Como se desse muito trabalho... Quase que dá vontade de dizer "Então é porque não queres mesmo sair dela!". Pois... também penso nisso muitas vezes. Mas é estranho pensar nisso... Nunca fui de me armar em mártir, nunca fui de andar aí aos caídos a queixar-me da vida durante muito tempo, nunca fui de não fazer nada, nunca fui de não ter motivação, nunca fui preguiçosa... Mas agora sou. Agora sou tudo isto que nunca fui. E agora?

Aproveito o balanço do Ano Novo e...

Inscrevo-me no ginásio!

Vou às aulas de ballet todas as terças e quintas!

Vou começar a planear o meu novo projecto!

Vou começar a ir mais cedo para a academia para ensaiar!

Vou planear melhor as minhas aulas!

Vou voltar a estudar!

...

Podia fazer só uma destas...já era bom sinal. Quem me dera conseguir... Ou será que não?

2 comentários:

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...

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