17 de junho de 2014

Não sabes sonhar (rascunho de Maio)

Percebi finalmente o que me atrai nele.

Não é aquela maneira horrível de se vestir, com as calças de ganga a meio do rabo e rotas e t-shirts que variam entre o preto e o azul escuro (vá, quando veste uma camisa lá fica apresentável mas isso é só nos dias de festa). Não é o corpo porque é um magricela e demasiado alto para mim. Não é a cara, tem um sorriso engraçado mas tem cara de cigano e já se começa a notar perfeitamente que fuma. Fuma. A personalidade é fixe mas também não é bem por aí porque ainda tem mentalidade de puto a.k.a. «gajas bebida futebol uuuhuuuu!».

Então ontem percebi. É a idade. Apaixona-me a idade dele. Que é a mesma que a minha. Mas não é na verdade. Porque a verdade é que sempre me senti mais velha e deslocada... Então apaixona-me a maneira como ele vê a vida agora. Que tudo é uma festa e toca de fazer loucuras (para ele o que importa é saber das consequências, desde que saiba o que depois vai enfrentar, então bora) e tudo está bem, relax e tal... Pá... Eu nunca fui assim... Também nunca me fascinou muito a ideia de ser "rebelde" e relax, e perder o controlo patati patata... Mas depois de um banho de mar sem sol, atrasada para um jantar, depois de dançar durante 5 horas e acabar a dormir na praia, depois de entrar na casa de perfeitos desconhecidos e ver coisas que nunca pensei, cheirar coisas que nunca cheirei, depois de andar pela primeira vez de mota, ver as coisas de uma maneira diferente.....tomei-lhe o gosto. E vejo o oposto e o aborrecimento que a minha vida é e sempre foi. Vejo que nunca vou ter nada para me recordar ou para contar «aí, não acredito que fiz aquilo...». E às vezes, em segredo, desejava que o P. fosse mais assim. Mais espontâneo, mais louco da cabeça, mais...novo. Porque sempre que eu faço uma proposta estranha ele diz-me que eu sou livre de fazer o que quiser mas para não contar com ele, ou então pensa demasiado nas conquências! Não sei... Eu já nem tenho ideias nenhumas porque para esse tipo de coisas já sei que não posso contar com ele...

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Nunca cheguei a publicar este post por ter vergonha dele. Por ter vergonha de pedir mais de uma vida que já me dá tanto. E mantém-se, a vergonha mantém-se. A diferença é que hoje fiquei com medo de não me lembrar um dia o bem que Barcelona me fez, o bem que o L. me fez. Um dia gostava de o voltar a ver...só numa de perceber como estas alminhas de 20 anos se safaram na vida, só para perceber se valeram a pena todas as loucuras... Seja como for, gostei de o conhecer. Hoje isto fica escrito para o L. em vez de para o P. , porque o P. sempre foi um mistério para mim, uma história inacabada, qualquer coisa que eu ainda não percebi - ainda não estou pronta para falar sobre isso. Mas o L... O L. teve um papel muito concreto e importante na minha vida, ele far-me-ia falta mesmo que não o tivesse conhecido. Au revoir.

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