20 de junho de 2015

Mudanças

Estou prestes a mudar de casa e em duplo sentido! Vai ser já dia 27 que mudo pela primeira vez, abandono o conforto do meu lar para ir trabalhar durante mês e meio fora de Lisboa, num campo de férias alucinante, sem privacidade, sem horas de sono de gente normal e muuuuito trabalho. God help!

E quando voltar já não vou voltar para a minha rica casinha. Por questões orçamentais vou ter de mudar de casa, compartilhando a nova com a minha irmã e mais dois desconhecidos... God help!

Seja como for, estou portanto em altura de mudanças e arrumações. Nas arrumações e limpezas profundas acabamos sempre por encontrar coisas que já não vemos há imenso tempo ou coisas das quais temos de nos livrar porque, a bem da verdade, não servem para nada, ou meras recordações... Hoje arrumei o meu quadro. Tenho um quadro feito pela minha tia dado de presente que simplesmente adoro. Lá meto tudo aquilo que gosto, frases, bilhetes de viagens, bilhetes de espectáculos, folhas de sala, notas... Hoje foi dia de tirar tudo do quadro... Custou um bocadinho. Recordar tudo. E retirar tudo, deixando-o confinado ao passado.

Muitas das recordações do últimos três anos (altura desde a qual tenho o quadro) têm-no a ele. E é difícil metê-lo no passado. Guardá-lo numa caixa e dizer «já é só uma boa recordação», quando para mim está ainda tão no presente. Mas senti que o devia fazer, que faz parte do processo. Que me ia saber bem começar uma nova página, um quadro em branco, cheio de espaço para preencher com coisas novas e excitantes! Forcei-me a arrumar porque por minha vontade tinha deixado tudo como estava.

Mas enfim. Sinto a falta dele. Muito. Todos os dias. Já penso menos nele mas continuo a perguntar-me todos os dias o que estará ele a fazer em determinada altura. «Será que eu ainda sei o que ele está a fazer a esta hora?». Martirizo-me com perguntas que nunca vão ter resposta. Sinto a falta do sorriso aberto tão sincero, do riso alto bem cheio e poderoso, dos olhos tão meiguinhos em que conseguia ler tudo tudo como um livro aberto; sinto falta do cheiro e toque da barba na minha cara, do cabelo nos meus dedos, da cabeça encostada ao meu peito; sinto falta dos momentos. Do momento da série, do momento do silêncio, do momento do passeio, do momento do olhar, do momento em que lhe abria a porta, do momento em que acordávamos de manhã... São tantos momentos, há tanta coisa boa na nossa relação. E custa-me deixar tudo isso preso à gaiola horrível que é o passado. Mas suponho que assim tenha que ser.

Amanhã estreia o espectáculo dos adultos da academia onde trabalho. Desejem-me sorte!


Jinhos à prima,
Cisne

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