Vou ser bruta sem querer:
A Depressão nunca "acaba". É como um trauma. Deixa sequelas, nem que seja o medo de lá voltarmos a cair. E quando ouvi a
Pepper a falar dela sem a chamar pelo nome dela fiquei furiosa. Não com ela. Comigo. Por durante tempo ter falado dela como se fosse um "Voldemort" sem dizer o nome dela quase dizendo "aquela-que-tu-sabes-quem". E f***-**. Se há uma p*** que eu vou chamar pelo nome próprio depois de tudo o que ela me fez é a p*** da Depressão.
Partilho com os que me lêem o comentário que fiz no post da Pepper, na esperança de impedir que mais alguém caia nesta m**** de ideia de que temos "só uns dias maus", porque a sociedade não nos ensinou a cuidar da nossa saúde mental, da nossa alma.
"Sim, é bastante urgente que o faças (falar com alguém).
Isso é o início de uma depressão e se não for "enfrentada pelos cornos", vai piorar mais e mais. De alguém com experiência no assunto, que sofreu e agora é uma pessoa perfeitamente funcional (física, emocional e psicologicamente):
A primeira coisa que precisas de fazer é PARAR. É urgente parares de pensar que um dia vais acordar e sentir-te óptima apenas porque há dias em que te sentes melhor. As coisas só vão mudar quando tu aceitares que elas já mudaram.
Segundo: TUDO o que tu estás a sentir é válido. MAS tu não validas nem um desses sentimentos. Tu não aceitas ser insegura, nem medrosa. E isso é uma das origens da depressão porque estás constantemente a tentar ser alguém que não és, a fazer coisas que não queres de facto fazer.
Terceiro: Aceitar os tópicos anteriores.
Quarto: teres VÁRIAS conversas contigo própria, SEM pressões. Conversares contigo (de preferência em voz alta e com muita choradeira à mistura) sobre os teus medos, sobre aquilo que não queres fazer e perceber porque é que não queres fazer. E aí, EM VEZ DE te pressionares a fazer/ser essas coisas, vais simplesmente explicar a ti própria o quanto tu és capaz, o quanto és útil, o quanto és amada e apoiada (por ti própria e pelos outros), o quanto tu te queres ver bem e feliz e que te aceitas com todos os teus defeitos e qualidades.
Utiliza eventos passados de quando foste bem sucedida, do quanto o teu trabalho foi reconhecido, por mais antigas que sejam as memórias (podes até ir à escola pré-primário ou a um vídeo de ti a dar os primeiros passos ou a fazer gracinhas, qualquer coisa vale).
Quinto: Respirar fundo. Tudo irá correr bem. Se te respeitares (como o exigirias de outra pessoa, que não te obrigassem a fazer nada; como farias com uma criança - a que convencerias e explicarias porque é que ela tem de comer a sopa apesar de não gostar: apenas porque é bom para ela).
E repetir todo este processo, quantas vezes necessárias até ele ser um processo automático.
Por favor não esperes mais dia nenhum para começares a cuidar de ti.
Quanto mais esperas, quanto mais te negas a necessidade de cuidar do teu emocional (que adoece tanto quando o físico e com consequências tão graves quando não tratadas), mais fundo no poço entras. E mais difícil fica de sair. Há dias maus, sim, mas tu já passaste a linha dos dias maus. Há uma altura em que isso é só uma mentira da nossa mente, para não nos chatear durante mais um dia, para nos deixar trabalhar/estar bem até nos esquecermos.
Não ignores os sinais do teu corpo. Trabalha nisto agora, para poderes depois trabalhares no que realmente queres: a tua independência, ser a melhor mãe do mundo, ter um profissão que gostes...
TUDO está ao teu alcance. Mas não enquanto não aceitares: precisas de cura.
Espero que não leves a mal o meu comentário gigante mas este assunto toca-me muito por me ser tão próximo, por já ter passado por algo tão intenso e saber que eu fui a pior vilã para mim mesma. Por saber que assim que saí dessa posição comecei a melhorar.
Beijinhos. Não estás sozinha."
Cisne