10 de outubro de 2014

A minha muralha

Passei 6 meses da minha vida a construir uma muralha de auto-confiança e auto-estima. Com ajuda, lá fui por Barcelona, tijolo a tijolo, a construir uma imagem mais agradável de mim mesma, do meu trabalho e da maneira como queria que as pessoas me vissem.  Tive medo que fosse sol de pouca dura mas não. Voltei para Portugal renovada. Estendeu-se o tempo e tive a certeza que voltei diferente. Com uma nova aura, uma boa disposição que me ia durar por muito tempo, mesmo quando as amarguras da vida surgissem...

Hoje tentaram derrubar a minha muralha com a força toda com que o faziam quando saí de cá. Precisamente da mesma maneira, precisamente a mesma pessoa, precisamente relativo ao mesmo assunto: o meu trabalho. E doeu. O meu orientador, avaliador do meu projecto (que dá continuidade à peça que iniciei já em Barcelona), descreveu a apresentação do trabalho que desenvolvi esta semana como "uma peça para crianças, em que se planta a semente e cresce devagarinho e agora já está crescida e agora morre".

Não me posso esquecer destas palavras, apesar de fazer todo o caminho de carro da faculdade até casa a chorar. Queria esquecer aquelas palavras que me faziam sentir minúscula e sem valor e que, por isso, estavam a destruir a minha querida muralha, que tanto trabalho deu a construir. Eu quero esquecê-las porque magoam mas não posso. Devo lembrar-me deste teste à minha muralha. Devo, resiliente, aceitar o mais possível o que me foi dito como uma crítica construtiva e trabalhar para melhorar. Ao mesmo tempo, confiar no meu trabalho. Confiar que estou a ver algo que eles ainda não conseguem porque eu ainda não cheguei lá. Sem problemas, sem desmoralizar, sem desconfiar. Só parar para pensar e seguir em frente.

Se ele podia ter dito o que queria dizer que uma maneira menos rude e arrogante? Podia. Mas assim como é que eu ia saber que a minha muralha está solidamente construída?


Cisne

1 comentário:

O sonhador disse...

O que está dentro da muralha pode mudar, mas essa mudança tem que ser feita e controlada por ti. Por isso é que é tão importante protegeres-te. Tens que ser tu a sentir quando houver necessidade de mudança e de adaptação. A pessoa que te fez chorar pode ser derrubadora de muralhas, mas a dúvida também pode ser uma coisa boa. O facto de alguém te levantar dúvidas em relação ao teu trabalho, pode ser uma coisa boa. Faz-te perguntar se não conseguirás fazer ainda melhor e reflectir sobre o que já fizeste. É alguém que te faz parar e fazer um balanço do que já foi feito. Assim defines de forma mais segura o TEU caminho.
Pensa qual é o papel dessa pessoa na tua vida e não lhe concedas mais que isso. Assim a tua muralha ficará mais forte.
Curso essencial para a vida: gestão de perspectivas e expectativas. Inscrevia-me na primeira turma. Espero ver-te em breve arrancar um tijolo da tua muralha e a mandá-lo à cabeça dessa pessoa, só para ele limpar a vista eheh

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